domingo, 27 de janeiro de 2013

Cracolândias se espalham por ruas de São Luís

Nem os bairros de classe média estão imunes às cracolândias e aos problemas que elas causam.


Segundo dados da Confederação Nacional de Municípios, 91% das 4.430 cidades do país sofrem com o crack. Somente na capital paulistana, em pelo menos em cinco cracolândias, mais de cem usuários se reúnem diariamente desde o fim da década de 1980. Em relação à Região Nordeste, o estado da Bahia é o primeiro da lista e dos 417 municípios, 273 possuem pontos de crack. No Maranhão, dos seus 217, o entorpecente está presente em 134 cidades. Na Grande São Luís, a polícia registrou mais de dez pontos. Os que mais concentram usuários estão localizados no João Paulo, Centro, Forquilha, Cohama e no Maiobão.
 
Os centros comerciais 1 e 2 do Maiobão, localizados nas proximidades do Viva Maiobão, foram construídos ainda na década de 1980. Nessa época, havia farmácias, lojas, clínicas e até mesmo clubes de danças para servir a comunidade de Paço do Lumiar. No momento, o cenário é de verdadeiro descaso e destruição. Para a polícia, os moradores desse local são os verdadeiros “zumbis”, ou seja, os usuários de crack. Eles tomaram conta do lugar e, além do consumo de drogas, utilizam o crack para ações criminosas, como assaltos e até mesmo para prática de relações sexuais.
 
“Nesse centro não tem nenhuma organização, sem infraestrutura ou segurança. Os usuários de drogas tomaram conta de fato desse local”, disse Maria das Graças Mendes, moradora do Maiobão há mais de 20 anos. Outro morador, Vicente Silva, de 63 anos, falou que quando entregaram o prédio, este foi de suma serventia para a população. “Era um verdadeiro ponto comercial e podíamos encontrar tudo para vender da comida ao remédio”, frisou.
 
Outro ponto comercial que está servindo de cracolândia fica na Feira do João Paulo. Nesse local, é possível encontrar os usuários ainda durante o dia consumindo pedras de crack e usando armas, a maioria, facas. Eles passam o dia e a noite nessa localidade, de acordo com um dos feirantes, que não quis se identificar, os drogados quando sentem fome costumam fazer comida no meio da rua ou comem os restos de comidas e frutas estragadas, jogadas no lixão.
 
O feirante, João Matos, de 34 anos, disse que, devido à presença dos usuários de crack, as vendas caíram bastante, pois, muitos clientes deixaram de transitar pelo aquele trecho da feira. “Tinha boa clientela, mas, os drogados no local acabam atrapalhando tudo”.
 
Classe média não escapa
 
Mesmo sendo considerado como um bairro de classe média, a Cohama já possui ponto de consumo e venda de crack. Nildete Gonçalves, de 46 anos, que mora nas proximidades do antigo Big Gago, disse que a praça foi tomada pelos usuários e, no momento, o espaço não pode ser mais utilizado pelos moradores. “No último domingo, 20, levei os meus filhos pequenos para andarem de bicicleta na praça, mas, não passei dez minutos no local, pois, havia um grupinho fumando maconha e outros usando crack. O espaço agora é deles”, comentou.
 
Ela ainda afirmou que muitos desses usuários estão até mesmo morando na praça. “Eles dormem, fazem comida em uma lata e até mesmo lavam roupa, pois, realmente é a casa deles”. No centro da cidade também é possível encontrar as cracolândias. Uma delas é localizada no final da Rua da Estrela, nas proximidades do Convento das Mercês. Um prédio de uma antiga fábrica é utilizado por esses usuários. A polícia informou que muitos deles aproveitam para dormir no começo da manhã, porém, por volta das 10h, começam a agir, inclusive, realizando pequenos furtos utilizando faca.
 
O cenário é o mesmo na Rua da Manga, no Portinho. O local à noite se transforma em uma área de criminalidade, consumo de substâncias lícitas e ilícitas, além de atividades relacionadas com prostituição.

Fonte: O Imparcial
Edição: Cícero Ferraz

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